Jordélia Pereira Barbosa, de 35 anos, suspeita de envenenar um ovo de Páscoa que resultou na morte de um menino de 7 anos e deixou outras duas pessoas em estado grave, foi transferida neste domingo para a Unidade Prisional de Ressocialização Feminina (UPFEM), em São Luís. A prisão preventiva foi decretada na sexta-feira (18), durante audiência de custódia. Até então, ela estava detida na cidade de Santa Inês, interior do Maranhão.
O caso ganhou repercussão nacional após a morte de Luís Fernando Rocha Silva, de 7 anos, na madrugada de quinta-feira (17), em Imperatriz. A mãe da criança, Mirian Lira, de 32 anos, e a irmã Evelyn Fernanda Rocha Silva, de 13, seguem internadas em estado grave na UTI do Hospital Municipal de Imperatriz. As três vítimas consumiram o ovo de Páscoa que, segundo a polícia, teria sido envenenado.
Ciúmes e vingança como motivação
As investigações apontam que Jordélia teria cometido o crime por ciúmes e desejo de vingança. Ela é ex-companheira do atual namorado de Mirian, o que teria motivado o plano. Em depoimento, a suspeita admitiu ter comprado o chocolate, mas nega ter adicionado qualquer substância tóxica. A Polícia Civil, no entanto, afirma haver provas e indícios suficientes para apontá-la como autora do crime.
Provas reunidas pela polícia
A polícia reuniu diversos elementos que sustentam a acusação contra Jordélia:
– Imagens de câmeras de segurança mostram a suspeita comprando o ovo de Páscoa em uma loja de chocolates de Imperatriz, usando peruca e óculos escuros.
– Depoimento de familiares confirma que, após o recebimento do doce, Mirian recebeu uma ligação anônima questionando se o ovo havia chegado.
– Hospedagem com nome falso: Jordélia se hospedou em um hotel em Imperatriz com o nome de Gabrielle Barcelli, usando crachás falsos e alegando estar em processo de mudança de identidade de gênero.
– Objetos encontrados com a suspeita: Ao ser presa, a polícia encontrou com ela perucas, bilhetes de ônibus, restos de chocolate em bolsas térmicas e recheios preparados em Santa Inês.
A análise do conteúdo dos chocolates e do sangue das vítimas está sendo conduzida pelo Instituto de Criminalística. O laudo pericial deve ser concluído em até 10 dias e será fundamental para confirmar a presença de substâncias tóxicas.
Plano detalhado
Jordélia saiu de Santa Inês na madrugada do dia 16 de abril e chegou em Imperatriz pela manhã. Disfarçada, hospedou-se em um hotel e, em seguida, realizou a compra do chocolate. Ela ainda teria simulado um serviço de degustação de trufas próximo ao local de trabalho de Mirian Lira. Durante a noite, utilizou um motoboy para entregar o ovo na casa da vítima, acompanhado de um bilhete: “Com amor, para Mirian Lira. Feliz Páscoa.”
Após consumir o doce, o pequeno Luís Fernando foi o primeiro a apresentar sintomas graves. Apesar do socorro imediato, ele não resistiu. Pouco depois, Mirian e Evelyn também passaram mal e foram internadas. Ambas permanecem em estado grave.
Posicionamento das autoridades
“O conjunto de provas nos permite afirmar que Jordélia é a principal suspeita. Agora, vamos aprofundar os exames para identificar a substância usada e apresentar a denúncia com base técnica ao Judiciário”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil do Maranhão, Manoel Almeida.
O caso segue sendo tratado como homicídio qualificado e tentativa de feminicídio. A suspeita está à disposição da Justiça, e as investigações continuam para elucidar todos os detalhes do crime, que abalou o Maranhão e o país.